sábado, 15 de dezembro de 2007

A Venezuela diz NO

Para quem tinha pretensão de ficar no poder até 2050, com o apoio popular, esse foi um belo “balde de água fria”. No último dia 2, a Venezuela passou por um referendo onde se discutia a possibilidade de uma reforma constitucional que daria poderes ditatoriais ao presidente Hugo Chávez.

Depois de um sonoro “¿Por que no te callas?” do Rei da Espanha, durante a Cúpula Ibero Americana no Chile, Chávez teve de engolir seco o “No” de 51% dos eleitores venezuelanos nas urnas. Apesar de ter a maioria do povo ao seu lado desde que foi eleito presidente, ele não conseguiu abafar a insatisfação e os protestos dos estudantes, embora tenha tentado das mais diversas formas possíveis.

Dias antes do referendo, a cidade de Caracas parecia um campo de guerra. Policiais usavam armas de fogo, bombas de gás e a força bruta para interromper as passeatas dos não-chavistas. Mas a resposta veio das urnas. Muitos analistas atribuem o resultado do referendo ao alto índice de abstenção, que chegou a 44%. Dois dos fortes fatores que fizeram com que milhares de venezuelanos não saíssem de suas casas para votar foram: a rejeição do ex-ministro da Defesa, Raúl Baduel, que descreveu a reforma como “golpe de estado” e o apelo da ex-esposa de Chávez para que todos votassem no “Não”. Como castigo pelo atrevimento em desafiá-lo, o dito cujo entrou na justiça para ficar com a guarda de sua filha, que até então mora com a mãe. Acreditem!

Ao contrário do que se imaginava, Chávez aceitou o vexame nas urnas, afirmou que esse resultado era parcial e ainda disse que tudo não passou de uma “derrota de mierda”, frase que dispensa traduções. Tratando-se de Hugo Chávez, essa afirmação assusta. Para quem tentou dar um golpe de estado em 1992, mudar a constituição sem o aval dos cidadãos e dos parlamentares é fichinha. O que ainda o intimida é a comunidade internacional, comunidade esta que aos poucos está rompendo relações com a Venezuela devido às malcriações de Chávez.

O caso da mala
Quem parece estar em lua-de-mel com o presidente venezuelano é a nova presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Recentemente ela e seu marido, o ex-presidente Nestor Kirchner, foram acusados de receber uma mala com US$ 800.000 vinda de Caracas. Segundo investigações, o dinheiro teria sido enviado por Chávez para patrocinar a candidatura de Cristina.
Chávez fala que mais uma vez isso foi uma armadilha norte-americana para prejudicá-lo. Cristina diz que não ter recebido nenhuma mala recheada de dólares durante sua campanha ruma à Casa Rosada. Uma coisa é certa: pra mim é que essa mala não veio. Óbvio que alguém enviou e alguém recebeu a mala com esse “curioso empréstimo”. Esperaremos o desenrolar das investigações, a descoberta dos protagonistas da história e o desfecho dessa novela latina.

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